Visitar e acolher: uma reflexão sobre a Visitação De Nossa Senhora

Segundo o evangelista Lucas, após dizer sim ao anúncio feito pelo Anjo Gabriel, Maria parte apressadamente para a região montanhosa rumo a casa de Zacarias e Isabel (cf. Lc 1, 37-45). Maria era uma jovem, “uma virgem desposada com um varão chamado José”, e Isabel era uma idosa, que “concebeu um filho na velhice” (Cf. Lc 1, 26-36). Esse episódio é celebrado na liturgia católica a 31 de maio, na Festa da Visitação da Bem-aventurada Virgem Maria. As fontes históricas, sobre a comemoração da visitação da Virgem Maria a Isabel, datam do segundo milênio. Atualmente, é uma festa celebrada piedosamente no Brasil, tendo uma força muito grande em nossa Diocese. Na mesma ocasião as nossas comunidades se reúnem para fazer o rito de coroação de Nossa Senhora.

A partir dessas informações e motivado pela celebração do ano diocesano da juventude, gostaria de fazer uma livre reflexão destacando duas atitudes relatadas na cena que podem nos ajudar a viver melhor nossa fé.

A primeira atitude é a coragem visitar. Maria sai apressadamente até Isabel para transmitir a boa nova do Verbo encarnado em seu ventre, é a caridade de uma jovem indo visitar e, quem sabe, auxiliar no for preciso a idosa grávida. Ouso dizer que Maria também sai corajosamente, já que é preciso coragem para sair, para transpor montanhas e fazer a vontade de Deus. Somos uma Igreja chamada a sair. A juventude precisa colocar-se em saída. Primeiro sair dos quartos, do isolamento e ir até a comunidade de fé para viver uma experiência autêntica com Jesus. Em seguida, partir em busca dos que precisam experimentar tão grande Graça.

A segunda atitude é a coragem de acolher o novo que se aproxima. Isabel recebe a saudação de Maria e sente João exultar cheio do Espírito, e imediatamente reconhece aquilo como uma força divina que lhe enche do Espírito Santo. Isabel é uma idosa que acolhe e chama de mãe de seu Senhor uma jovem. Inspirado nesta atitude, digo que os veteranos de nossas comunidades precisam ter coragem para acolher os jovens que chegam e reconhecer que eles podem trazer consigo muito da mensagem de Deus. Sem coragem para acolher podemos “colocar para correr” a graça de Deus que vem nos visitar.

Se por um lado é importante visitar para levar a Boa nova, confiando que ela será acreditada pelos nossos interlocutores. Por outro lado, goza de igual importância a acolhida dos que se deixaram fecundar pela mensagem e se aproximam da comunidade de fé. Não adiantará muito os jovens chegarem se não forem bem acolhidos. Assim como, não adiantará muito a boa vontade para acolher sem a presença dos jovens. O Papa Francisco disse haver lugar para “todos” na Igreja, ou seja, para os vários perfis jovens, também para as demais gerações. Sendo assim, aprendamos com a festa da visitação a ir ao encontro, a atrair para Jesus, e a acolher os que chegam na casa de Deus.

A cerimônia de coroação de nossa Senhora é um sinal de que é possível ser uma Igreja viva onde as gerações convivem, nela a tradição é mantida e renovada em nossas comunidades. Como é bonito quando vemos crianças, jovens, adultos e idosos reunidos preparando a coroação. Nesse momento visita e acolhida se mesclam numa bela vivência da fé. Jovens, adultos e idosos são chamados viverem uma linda experiência com Maria, que é na verdade uma experiência com aquele que ela traz, e que opera maravilhas em sua vida. Tal experiência testemunhal, no fim das contas, será da Igreja que corajosamente visitou e acolheu trocando experiências para que todas as gerações reconheçam que Deus nos presenteou com a Graça por meio de Maria.

Foto: Pascom Vista Serrana, Diocese de Patos.

Muito mais poderia ser dito sobre esta rica cena bíblica, sobre a coragem para visitar e acolher e sobre a relação intergeracional na Igreja, mas fico por aqui confiando que instiguei alguma reflexão nos irmãos e irmãs.

Padre Elson Brasil, Coordenador Diocese de Catequese

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