O sacramento da Eucaristia goza de maior importância com relação aos demais sacramentos, pois, a “Eucaristia é fonte e ápice de toda a vida cristã” (CIC nº 1324). No entanto, muitos são aqueles que não descobriram o grande valor e a importância que tem este sacramento e como ele nos faz bem, gerando uma união intima com o Senhor Jesus. Para aqueles que não têm essa consciência, vão à Santa Missa sem dá a devida atenção.
Encontramos um número de pessoas que falam que não vão à Missa porque o povo fica olhando para a roupa dos outros; outro grupo dá a desculpa por não gostar da forma que celebra padre “X”; outros ainda falam que não gostam do grupo de canto daquela Missa. Ainda tem os que não têm um tempo e várias outras desculpas vão sendo colocadas. Essas pessoas não têm na verdade a Missa como uma experiência de íntima comunhão com o Senhor Jesus, nem tampouco veem a Missa como algo essencial em suas vidas.
Somos convidados a irmos à igreja e participarmos da Celebração Eucarística, vivenciarmos um encontro com o próprio Jesus Cristo. Para isto, é preciso termos uma compreensão da Santa Missa. “A celebração Eucarística é bela quando a comunidade participa em plena consciência e liberdade” (LIBÂNIO, 2008, p.15).
Cada pessoa que vai a um templo ou a um determinado local de celebração, deve ter a consciência de que: “Quem está ali presente na igreja, não é o sinal visível de um corpo vazio de mente e de coração, mas uma pessoa inteira diante de si, da comunidade e de Deus” (LIBÂNIO, 2008, p. 15).
Para isso acontecer, se faz necessário chegar ao local da celebração com a plena consciência de para onde estão indo e o que vai acontecer lá. A própria estrutura da igreja já nos ajuda a rezar, pois, “a cada degrau que subimos, deixamos para trás algo de fútil do cotidiano […]” (LIBÂNIO, 2008, p. 16), e passamos a fazer parte da assembleia litúrgica, tendo o desejo de ouvir a Santa Palavra de Deus e participar da Mesa da Eucaristia. “A porta liga dois mundos. Um que deixamos e outro em que penetramos” (LIBÂNIO, 2008, p. 16).
Ao chegarmos ao templo, local próprio para a celebração do Santo Sacrifício, penetramos num grande mistério, dando início a uma longa caminhada, acompanhado do próprio Jesus. “A celebração da Eucaristia é, em sumo grau e ao mesmo tempo, nosso calvário e nossa páscoa” (GIRAUDO, 2011, p. 82). Por não sermos pessoas perfeitas, geramos ao longo das nossas vidas, o egoísmo, o querer, o ter, o ser, não dando atenção as pessoas mais sofredoras, “por isso a volta ao calvário se impõe teologicamente” (GIRAUDO, 2011, p. 82) em nossas vidas.
Não poderemos de maneira alguma ir de forma física ao gólgota e ter um contato físico com as santas mulheres, com o apóstolo, com Maria a mãe de Jesus que acompanhou toda a caminhada de Jesus (cf. Jo 19,25-27). Mas, percorremos este caminho teologicamente quando “celebramos a Eucaristia, recebendo a comunhão, todo domingo ou todo dia vamos ao calvário e ao sepulcro vazio: não vamos fisicamente, mas no memorial, mediante a retomada ritual do signo profético do pão e do cálice, por meio de uma ação figurativa e, portanto, sacramental e, por isso, absolutamente real” (GIRAUDO, 2011, p.82).
Para as pessoas que não têm uma abertura para vivenciar este caminho, o santo sacrifício vai ser sempre algo doloroso, enfadonho, sem sentido, algo vazio e o tempo será mais importante do que o encontro com o Senhor Jesus, ele que deseja ser ouvido na liturgia da palavra e alimentar-nos com o pão consagrado, ou seja, o seu próprio corpo e sangue (cf. Lc 22,19-20).
Deste modo, na hora da Santa Missa “[…] devemos sentir-nos teologicamente a caminho toda vez que nos aproximamos da comunhão. Devemos habituar-nos a perceber sempre mais o intenso movimento de nossos ‘pés teológicos’” (GIRAUDO, 2011, p. 83).
Isto acontece por meio do mistério da nossa fé, pois, “enquanto os pés físicos continuam a deter-nos na igreja, os pés da fé Eucarística nos transportam ao calvário, para mergulharmos, ainda uma vez, na morte do Senhor Jesus, e perante o sepulcro do Ressuscitado, para fazer-nos ressurgir ainda uma vez com ele a uma existência relacional sempre nova, já que nossa missa é todo o calvário, é todo o fulgor da manhã de páscoa” (GIRAUDO, 2011, p. 83).
Após vivenciarmos este encontro pessoal com o Senhor e fazermos toda a caminhada com ele. Temos a mesma coragem de Simão Pedro em afirmar “tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (cf. Mt 16,16) e professarmos com o centurião Romano que estava defronte a Jesus crucificado, e juntos dizer em alto e bom tom “verdadeiramente este homem era filho de Deus” (cf. Mc 15,39).
A Eucaristia é o sacramento de doação, não de objeto ou algo semelhante, mas uma doação perfeita é o próprio Jesus que “dá-se a si mesmo” (SACRAMENTO CARITATIS, 2007, p.13), entregando o corpo como a verdadeira comida e o seu sangue como verdadeira bebida (cf. Jo 6) para a salvação de todos que tem o desejo de ser salvos.
O Santo Sacrifício da Missa “[…] é o centro de toda a vida cristã, tanto para a igreja universal como local, e também para cada um dos fieis” (ALDAZÁBAL, 2007, p.45). Assim, quando participamos da Santa Missa é importante lembrarmos que estamos unidos a toda a igreja, que acredita e vive da Eucaristia.
Tendo consciência de que na hora da Santa Missa, somos um povo a caminho, ao terminar com a bênção final, temos por meio desta bênção, a responsabilidade de irmos ao encontro dos outros, os quais ainda não fizeram essa experiência de fé e contar como a mesma acontece em nossa vida é o Senhor Jesus que nos envia, assim como ele estava vivo (cf. Jo 20,17-18). Deste modo, vamos anunciar que o Senhor ressuscitou e está vivo e esperando por todos nós na celebração da Santa Eucaristia.
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Hugo França de Sousa
Seminarista da Diocese de Patos
1º Ano de Teologia em Belo Horizonte-MG
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REFERÊNCIAS:
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola, 2000.
BENTO XVI. Sacramentum caritatis. Exortação apostólica pós-sinodal. São Paulo: Paulinas, n.190, 2007.
GIRALDO, Cesare. Redescobrindo a eucaristia. Tradução Francisco Taborda. 5. ed. São Paulo: Loyola, 2011.
LIBANIO, João Batista. Como saborear a celebração eucarística. 4. ed. São Paulo: Paulus, 2008. (Coleção Questões Fundamentais da Fé).