A cidade de Aparecida (SP) recebeu, de 24 a 27 de julho, aproximadamente de 900 comunicadores católicos de todo o Brasil que participaram do 4º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom) e do 2º Seminário Nacional de Jovens Comunicadores. Promovidos pelas Comissões Episcopais para a Comunicação e Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), os eventos tiveram como tema “Comunicação, desafios e possibilidades para evangelizar na era da cultura digital”.
O arcebispo de Campo Grande (MS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, ressaltou a relevância e os frutos do encontro. Segundo o bispo, o evento gerou uma grande esperança, pois o número de participantes ultrapassou as expectativas. Para dom Dimas, a adesão confirma o que Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil se propõe: criar uma cultura da comunicação na Igreja no Brasil.
“Assumimos a consciência de que vivemos, como disse o papa emérito Bento XVI, num continente digital, passamos a entender que a Internet não é um mero instrumento, mas uma ambiência na qual as novas gerações são formadas. Mais uma vez precisamos adequar a linguagem do Evangelho anunciado para que ele seja interessante e inteligível às novas gerações, sobretudo dos nativos digitais. A Comissão para a Comunicação e Juventude, trabalhando de mãos dadas, só pode produzir bons frutos”, disse dom Dimas. O bispo lembrou também a mensagem enviada pelo papa Francisco, em que afirma não ser suficiente a rede de computadores, quando se faz necessário fortalecer a rede de pessoas.
Diretamente de Roma, por meio de videoconferência, o presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, dom Claudio Maria Celli, recordou aos participantes que a Igreja cresce por meio da atração fraterna, do testemunho. Segundo dom Celli, este é o tema forte da teia comunicativa da Igreja. O bispo citou a mudança cultural que as tecnologias oferecem, por já não serem instrumentos, mas ambientes de vida onde a Igreja precisa ser presença.
Já o diretor da Revista Civvittà Cattolica e escritor da área de web, padre Antonio Spadaro, em sua conferência, falou que “a Internet não existe, a rede não existe! O que existe são pessoas interagindo”. Para Spadaro, a Igreja não é chamada a ser moderna, mas interpretar teologicamente a rede e compreender como essa realidade está presente no plano de Deus para a humanidade. “Esta é a tarefa para a qual fomos chamados”, acrescentou.
De acordo com o padre, o desafio trazido pela era digital está em como viver nos tempos de rede, no qual comunicar não é somente transmitir a mensagem, mas sim compartilhar, interagir.
Spadaro apontou a modificação do esquema de comunicação feita pelo papa Francisco, já no dia de sua eleição. “Aquele que vinha para dar a benção aos que estavam na praça à sua espera é o que primeiro pede para que por ele rezem e se inclina. Comunicação não é mais o envio de uma mensagem, mas a interação. Não há comunicador e receptor, e sim interações”, lembra Spadaro. Para ele, “a comunicação de Francisco se dá com a totalidade do ser não somente com a palavra, mas no olhar, nos gestos, no sorriso, em seu rosto”.
Ao pensar na dimensão da comunicação da Igreja, a assessora nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, irmã Élide Maria Fogolari, analisou a evolução do encontro, que começou com 140 pessoas na primeira edição e viu o número de participantes aumentar a cada ano. “Avalio a partir desse crescimento de participantes que a comunicação está se articulando de forma consciente, profunda e profissional na Igreja do Brasil. Podemos dizer que a comunicação está se concretizando e estamos conseguindo criar a cultura da comunicação que já começa a fazer parte dos valores e da vida e da dinâmica da Igreja”, avalia.
Para o assessor nacional da Comissão para a Comunicação, padre Clovis Andrade de Melo, o maior fruto do encontro é perceber que os participantes saem entusiasmados e conscientes da importância da missão de evangelização no ambiente digital. “Diante das reflexões, desfez-se a ideia de estar em várias redes sociais e entendeu-se que é preciso ser presença de testemunho e coerência no ambiente digital, que isso sim faz a diferença. Não basta colocar conteúdo, é a presença do cristão que testemunha com exemplo e atitude que ganha força maior”. O assessor afirmou que o encontro teve fim ontem, mas é apenas o início de uma nova etapa para a missão dos comunicadores.
Fonte: CNBB