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DIOCESE
DE PATOS

Carta Pastoral

“… A vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e da parte do Senhor Jesus Cristo!” (Fl. 1,2)

 

Caríssimos Padres, Diáconos, Religiosos, Religiosas, Comunidades de vida e de Aliança e todas as lideranças das comunidades da Diocese de Patos nas mais diversas expressões da Evangelização,

 

Saudações fraternas!

Ao chegar na Diocese de Patos aos 16 de fevereiro deste ano de 2013 me deparei com uma Igreja muito viva e  disposta no trabalho evangelizador. Percebi que estava diante de um vasto campo de missão e logo pensei que a atitude mais acertada deveria ser a de “sair ao encontro das pessoas e das comunidades com todas as suas expressões e aspirações”.

Logo nos primeiros dias no exercício do Ministério episcopal com admirável boa vontade dos Padres, construí uma intensa agenda de visitação às Paróquias. Apesar de ser uma visita na Matriz da Paróquia não deixou de contemplar a presença de comunidades e pastorais com maior alcance possível.

O que vi por onde andei? Vi um povo acolhedor cheio de fé, de entusiasmo e de boa vontade; Vi padres dedicados e conscientes de suas responsabilidades ainda que as mais pesadas que lhes caem sobre os ombros; Vi um desejo extraordinário de testemunhar a fé e publicar uma igreja missionária no anúncio do Evangelho; Vi uma juventude vibrante; Vi uma multidão de crianças sorrindo com um afeto puro, o mesmo que um dia Jesus contemplou nas crianças que o cercavam; Vi idosos alquebrados pela longevidade, mas fortes pela experiência de vida e, sobretudo da fé em Deus; Vi muitos gestos de solidariedade e parcerias que possibilitam passos largos na construção da Igreja e da sociedade; Vi um corpo de agentes de pastoral fortuito e disposto e aqui está a esperança do progresso na Vida pastoral e evangelizadora da diocese de Patos como de toda a Igreja; Vi uma Igreja profundamente Mariana o que justifica o alto índice de católicos nesta diocese.

Por outro lado, vi jovens nas praças, nas ruas como desafios para a nossa missão de Igreja diante dos jovens; Vi o sofrimento causado pela estiagem no sertão e no Cariri, nos vales e nas serras de nossa região habitada por homens e mulheres de fibra e de fé; Vi políticos bem intencionados, acolhedores e vi também sinais de uma política que não evoluiu nos métodos e não promove cidadania e progresso; Vi uma atmosfera de dependência por parte de muitas pessoas de um sistema que ainda prende pelo estômago e não pela ética e prática responsável de uma gestão para todos sem discriminação política ou de outra natureza; Vi que “pão e circo” ainda são armas fortes que prendem o nosso povo aos modos mais arcaicos de governar a coisa pública.

Os desafios da Evangelização são imensos, pois estamos num contexto crescente de indiferença, fragmentação de valores – Situação da Família e suas formas de constituição – endeusamento do lucro mesmo que para isso tenhamos que perder a dignidade de pessoa humana e filhos e filhas de Deus; Vi um esvaziamento dos espaços rurais o que significa uma saída na busca de condições num contexto urbano que não raramente contribui para muitas situações de marginalidade que encontram como palco as periferias das cidades.  O Urbano ainda é uma ilusão que arranca nossos sertanejos de suas terras e de suas raízes culturais, familiares e religiosas. O consumismo invadiu o mundo e roubou de muitos até mesmo a relação respeitosa com a natureza e com o próximo.

Precisamos urgentemente de uma reformulação, o que o documento de Aparecida chama de conversão pastoral. A CNBB na última Ass. Geral (51ª.) trabalhou sobre a realidade das paróquias com o objetivo de superarmos uma pastoral de mera conservação e avançar no processo de conversão de nossas estruturas paroquiais. A Paróquia deverá continuar, o que deve mudar é o método para o seu funcionamento, isto é, imitar Jesus na sua ação acolhedora e libertadora. A Partir desse pensamento a nossa ação pastoral deverá refletir e promover uma realidade de “Comunidade de comunidades: Uma nova Paróquia”.

Neste momento eclesial não podemos silenciar o impulso da juventude que está motivada para a JMJ e como parte deste momento está a animação missionária dos Jovens nas comunidades. A realidade onde estão os jovens de nossas comunidades será o lugar de uma grande ação e colheita de muito que foi semeado neste período de preparação da Jornada Mundial. Não podemos falar apenas de uma pastoral de juventude, mas de “Pastoral das Juventudes” dada a diversidade de contextos, realidades e expressões, sem perder a comunhão e o ideal de Jesus que é a existência de “Um só rebanho e um só Pastor”. Basta ver em nossa diocese: Jovens dos movimentos e comunidades (RCC, EJC, Comunidades de Vida e de Aliança, grupos de jovens, projetos juvenis, etc.). O desafio será conservar o ardor e a perseverança dessa juventude sacudida por este encontro com Jesus na presença do Santo Padre e todas as forças da Igreja. Continuemos apostando na Juventude como força missionária e transformadora.

Outros desafios existem e entre eles está a nossa dificuldade material que deverá ser superada pela consciência da partilha e da solidariedade. A Diocese de Patos já tem um bom caminho andado neste sentido. Continuemos unidos neste processo que exige empenho e boa vontade de todos sempre com muita paciência e bondade pastoral.

Penso que a Pastoral vocacional deve ser uma preocupação para todos nós. Mesmo que todas as paróquias tenham padres a nossa visão deve ser missionária e assim veremos as igrejas que estão mais necessitadas de sacerdotes. Vamos promover vocações, formar sacerdotes missionários para a Igreja e que, à luz do Evangelho possamos “dar de graça o que de graça recebemos”. Com esta referência às vocações, expresso a minha imensa alegria em ordenar os Diáconos Cláudio e Amauri e o Padre Rodrigo no próximo dia 09 de agosto como primícias do meu ministério Episcopal.

No ano da fé todos temos consciência da nossa responsabilidade na propagação e no testemunho de Jesus Cristo. Lembro que a Igreja de Jesus que se identifica com o sal da terra e a luz do mundo e  deve ser uma presença pública e transformadora e para tanto temos como instrumento as Pastorais sociais como sinais da nossa adesão ao Evangelho de Cristo que disse “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” ( Jo. 10,10)

Estou sonhando com a Escola diaconal e com a constituição da Comissão Diocesana de Justiça e paz e com o empenho de todos os padres e demais agentes estes e outros tantos sonhos poderão ser realizados para o bem da Igreja –“Corpo Místico de Cristo” e para a glória de Deus.

 

Concluo agradecendo a todos e a cada um e cada uma que têm manifestado uma paciência generosa com o Bispo que chega para conhecer este rebanho, para amá-lo e servi-lo fazendo jus ao lema escolhido para o meu episcopado: Pasce Oves Meas(Apascenta as minhas ovelhas – Jo. 21,17). Penso num futuro próximo realizar as visitas Pastorais em toda a diocese para reafirmar sempre mais este pastoreio, confirmando todos na fé.

 

O Retiro vivenciado nestes dias pelo clero e acompanhado pela oração de todos os fiéis serve de renovação espiritual para uma retomada das nossas atribuições missionárias e pastorais com maior vigor e entusiasmo, sempre conscientes da realidade da Cruz, pois “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me” ( Lc.9,23), disse o Senhor.

 

Abraços, e a todos concedo uma especial Bênção!

 

 DOM ERALDO BISPO DA SILVA

BISPO DIOCESANO

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