“Eu quero a vida de meu povo” (Ester, 5,3)
Com esta citação bíblica, saúdo todas as mulheres por ocasião das comemorações do Dia Internacional da Mulher.
O Papa Francisco afirma que “a Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares, que habitualmente são mais próprias das mulheres que dos homens” (EG 103).
Nesse viés, a atuação transformadora das mulheres na Sociedade e na Igreja é responsável pela construção de relações mais humanas e humanizadoras, buscando o fim da discriminação e da desigualdade, especialmente na relação mulher-homem. Recorda-nos , ainda, o Papa Francisco que esta relação “deveria reconhecer que ambos são necessários, porque possuem uma natureza idêntica, mas com modalidades próprias. Uma é necessária a outra, e vice-versa, para que se cumpra verdadeiramente a plenitude da pessoa” (Discurso ao Pontifício Conselho para a Cultura).
Entristece-nos, no entanto, o cenário de invisibilidade em que se encontra a maioria das mulheres, bem como o impedimento de sua presença em importantes espaços de decisões. Some-se a isso o desafio da pobreza, da exploração do trabalho e do tráfico humano, das violações das culturas e suas crenças que evidenciam as graves violações dos seus direitos.
Contudo , os avanços e conquistas das mulheres, garantidos por lei e/ou por políticas públicas não escondem as deficiências de muitas ações voltadas ao cumprimento e efetivação dos seus direitos. A todos, também à Igreja, cabe o dever de assumir a luta das mulheres negras, domésticas, ciganas, catadoras, camponesas, quilombolas, operárias, pescadoras, prostituídas, encarceradas, indígenas, migrantes, donas de casa e de tantas outras que vivem a dolorosa experiência da invisibilidade social.
Desde 11 de março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde declarou que vivíamos um estado pandêmico de covid-19 , uma das grandes preocupações tem sido os impactos na vida das mulheres. Com razão, já que elas são as vítimas de atos desumanos como o feminicídio e a violência doméstica, além da sobrecarga dos trabalhos, remunerados ou não, que implica na dupla e tripla jornada.
Ademais , a feminização da pobreza assola nosso país, visto que as famílias chefiadas por mulheres tendem a ser mais pobres devido às desigualdades salariais e de oportunidades, situação que se acentua para as mulheres negras, majoritariamente empregadas em trabalhos informais ou terceirizados.
Segundo uma recente pesquisa realizada pela organização SOF Sempre viva concluiu que entre as 2.641 mulheres entrevistadas, 47% afirmaram ser integralmente responsáveis pelo cuidado de outra pessoa: filhos, outras crianças, idosos ou pessoas com alguma deficiência. Essa pesquisa aponta para as dinâmicas sexistas do cotidiano dos domicílios, intensificadas pela pandemia.
Neste contexto , como Pastor Diocesano expresso em forma de apelo que todos vençam a tentação da indiferença e se unam na luta em favor da justiça e da equidade, protagonizada pelas mulheres do Brasil.
Inspire-nos, nesse propósito, o Lema da Campanha da Fraternidade deste ano “Fala com Sabedoria, Ensina com Amor” que nos estimula a construir a fraternidade e a igualdade, no amor e no serviço.
Ao saudá-las, neste dia, renovo o meu reconhecimento a cada uma das mulheres, por sua insubstituível presença e participação nas comunidades eclesiais espalhadas por todo o território da Diocese e por seu protagonismo nos Movimentos Sociais na construção de uma nova sociedade, e rogamos a Deus fortalecê-las na luta de cada dia e abençoá-las em todos os seus caminhos.
Dom Eraldo Bispo da Silva
Bispo Diocesano de Patos