Senhores Bispos, agentes de pastorais, lideranças!
O Grito dos Excluídos e Excluídas chega ao seu 28º ano com força e ânimo renovado, fruto da Campanha da Fraternidade de 1995, cujo tema era “Fraternidade e os excluídos” e o lema: Eras tu, Senhor?”. A 34ª Assembleia Geral da CNBB, em 1996, realizada em Itaici/SP, assume que “o Grito dos Excluídos será celebrado anualmente, em nível nacional, no dia 07 de setembro, retomando preferentemente o tema da Campanha da Fraternidade” (Documentos da CNBB 56, nº 129).
O tema permanente do Grito, Vida em Primeiro Lugar, nos convoca para ações efetivas em
defesa de todas as formas de vida que se encontram ameaçadas. Ainda estamos em tempo de pandemia do coronavírus; todo o cuidado é necessário. Por isso, o nosso chamado à vacinação. Milhares de famílias sofrem por ter perdido seus entes queridos, fruto de uma cultura negacionista e da falta de vontade em resolver as questões da saúde. O avanço do desmonte de direitos sociais e do próprio estado democrático, com a disseminação da cultura do ódio, sustentada pelas notícias falsas manifestadas nas redes sociais são sinais do descaso pela vida.
Há que se destacar, ainda, o aprofundamento das desigualdades sociais, o aumento da fome, do desemprego, fruto do avanço do poder financeiro aumentando os lucros dos bancos,
institucionalizando ainda mais os seus privilégios. O avanço dos grandes projetos sobre as terras indígenas, povos quilombolas, pescadores e as agressões ao meio ambiente têm sido outra marca da atual política. E com isso o aumento da violência contra defensores e defensoras de Direitos Humanos, como foi o caso de Bruno e Dom, na Amazônia, e de lavradores e lavradoras barbaramente assassinados.
Diante deste cenário, o lema deste 28º Grito dos Excluídos e Excluídas nos convida a refletir
sobre este Brasil dependente “Brasil: 200 anos de (In)dependência. Para quem?” Queremos que os rostos e gritos de todas as realidades sejam vistos e ouvidos! E que, num grande Mutirão pela Vida, somado aos mutirões da 6ª Semana Social Brasileira mobilizados pelas Igrejas, pastorais, organismos, movimentos populares e pessoas de boa vontade, possamos defender e garantir os direitos dos pobres e marginalizados. É marca histórica do Grito, desde seu início, a defesa da democracia e da soberania dos povos!
Convidamos a todos(as) a apoiarem e assumir o 28º Grito dos Excluídos e Excluídas em
nível local, regional e nacionalmente. Que o Grito desperte em nós indignação contra toda forma de injustiça e nos fortaleça na construção do Reino de Deus que começa aqui agora e na luta pelo Bem Viver e da Terra Sem Males.
+ Dom José Valdeci Santos Mendes
Bispo de Brejo – MA
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a
Ação Sociotransformadora