Patos –PB, 29 de Junho de 2015.
Exmos(as). Srs(as). Vereadores (as),
Saudações!
Como Pastor desta diocese de Patos e considerando a importância da educação como um processo construtivo na vida das pessoas, venho abordar um tema que exige dos cristãos uma posição bem definida. Trata-se da complexa e questionável ideologia do Gênero que está sendo votada em nossas casas legislativas municipais.
Com efeito, a tese mestra da ideologia de gênero é a seguinte: nós nascemos com um sexo biológico definido (homem ou mulher), mas, além dele, existiria o sexo psicológico ou o gênero que poderia ser construído livremente pela sociedade na qual o indivíduo está inserido. Em outras palavras, não existiria mais uma mulher ou um homem naturais. Ao contrário, o ser humano nasceria sexualmente neutro, do ponto de vista psíquico, e seria constituído socialmente homem ou mulher.
A sociedade não pode assumir o papel que é único e exclusivo de Deus Criador. Esta ideologia expressa a prepotência do ser humano que deseja tomar o lugar de Deus.
A referida ideologia contraria o projeto de Deus para a humanidade. Fomos criados Homem e Mulher e esta verdade não pode ser alterada como uma lei humana que pode ser alterada por propósitos ideológicos. Fique claro que não se trata aqui de uma discriminação das escolhas ou condições de ordem afetiva dos homens e das mulheres. Independente de qualquer opção somos homens e mulheres criados por Deus.
Em seu discurso de 21/12/2012 à Cúria Romana, o Papa Bento XVI já lançava uma ampla advertência quanto ao uso do “termo ‘gênero’ como nova filosofia da sexualidade”. Dizia ele que “o homem contesta o fato de possuir uma natureza pré-constituída pela sua corporeidade, que caracteriza o ser humano. Nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um fato pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria. De acordo com a narração bíblica da criação, pertence à essência da criatura humana ter sido criada por Deus como homem ou como mulher. Esta dualidade é essencial para o ser humano, como Deus o fez. É precisamente esta dualidade como ponto de partida que é contestada. Deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da criação: ‘Ele os criou homem e mulher’ (Gn 1,27). Isto deixou de ser válido, para valer que não foi Ele que os criou homem e mulher; mas teria sido a sociedade a determiná-lo até agora, ao passo que agora somos nós mesmos a decidir sobre isto. Homem e mulher como realidade da criação, como natureza da pessoa humana, já não existem. O homem contesta a sua própria natureza”.
Papa Bento abordou a ideologia de gênero outra vez, um mês mais tarde, em 19/01/2013, dizendo que “os Pastores da Igreja – a qual é ‘coluna e sustentáculo da verdade’ (1Tm 3,15) – têm o dever de alertar contra estas derivas tanto os fiéis católicos como qualquer pessoa de boa vontade e de razão reta”.
Conto com a prudência e o correto discernimento dos nossos legisladores no sentido de promover uma educação que cuide da dignidade da pessoa sem a desviar do caminho que o criador lhe oferece como dom de amor. Confio em nossas lideranças políticas, educacionais, religiosas, culturais e por isso apelo ao bom senso. Uma verdadeira educação humana assume o ser humano (Homem e Mulher) como a sua maior meta, pois o futuro da humanidade depende da promoção da dignidade da Pessoa conforme o plano Divino.
Que Deus ilumine as mentes e os corações de todos e de modo particular, o coração e a mente dos nossos legisladores e que com muito carinho pensem no futuro humano e social das nossas gerações que muito esperam de todos que no presente decidem o futuro da sociedade.
Com a esperança do Pastor no cuidado do rebanho,
Dom Eraldo Bispo da Silva
Bispo Diocesano de Patos -PB