A abertura simbólica e virtual da quinta edição da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE), uma realização da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), aconteceu nesta Quarta-feira de Cinzas, 17 de fevereiro.
O lançamento virtual foi uma escolha das entidades promotoras da Campanha como forma de prevenção da Covid-19. Como constava na programação, às 10h houve a divulgação de um vídeo, por meio das redes sociais da CNBB, com pronunciamentos de representantes das Igrejas que compõem o Conic. Também houve a apresentação da mensagem do Papa Francisco sobre a CFE e a quaresma.
No vídeo, dom Joel Portella Amado (secretário-geral da CNBB) acolheu e saudou a todos e, especialmente, a memória dos mais de duzentos e trinta mil irmãos e irmãs que o coronavírus levou de nosso convívio. “A esses e essas, nossa saudade e nosso compromisso por lutarmos até onde for possível para que essa pandemia encontre o seu término e sejamos capazes de construir um mundo eminentemente marcado pela fraternidade”, disse dom Joel.
“É certo que a fraternidade exige presença, contato, convívio. Mas, exige também maturidade suficiente para podermos viver o distanciamento quando, por razões que nos ultrapassam, ele se faz necessário”, disse o bispo.
Dom Joel enfatizou, no vídeo, que esta Campanha da Fraternidade traz consigo um significado que não podemos perder, que não podemos deixar morrer, sufocar, abafar. “Perplexas pela pandemia, as Igrejas que compõem o CONIC, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, e algumas Igrejas observadoras uniram-se e identificaram no tema do diálogo a mensagem que nosso tempo necessita”, disse.
Segundo o bispo, é triste ver que nosso tempo vem apresentando a marca das radicalizações, das polarizações, com o desrespeito às pessoas, em especial as mais simples, as mais fragilizadas. “Nosso tempo necessita que radicalizemos a fraternidade e a comunhão, a solidariedade e a partilha”.
O que é o diálogo?
Ainda, em seu depoimento, dom Joel afirmou que não se trata, por certo, de querer que todos pensem do mesmo modo, pois Deus não nos criou clones. “Trata-se, porém, de perceber que a diferença é convite ao encontro, encontro que se faz exatamente através do diálogo”.
É por isso, de acordo com ele, que a Campanha da Fraternidade desse ano, Campanha da Fraternidade Ecumênica, tem como tema não um ou outro aspecto da realidade humana, social, religiosa, econômica ou política.
“Ela une tudo isso e chega aos fundamentos maiores, ou, como costumamos dizer, aos fundamentos últimos do modo como estamos organizando o mundo atualmente. E o mundo não pode ser organizado a partir da separação, da divisão, do sectarismo, das polarizações, da destruição nem muito menos da morte, que é a consequência de tudo isso”.
O secretário-geral da CNBB também afirmou que a fé nos ensina de onde vem a divisão. “Ela nos mostra quem é o divisor. Ao contrário, como nos diz a carta aos Efésios, o Senhor Jesus Cristo uniu, formou um único povo, ainda que as diferenças permaneçam. A Campanha da Fraternidade Ecumênica desse ano nos recorda, a partir da Carta aos Efésios, que Cristo derrubou os muros, ou seja, as razões que o pecado faz surgir para a separação”, disse.
Dom Joel pediu para que não nos esqueçamos de que o tema do diálogo se encontra em linha de continuidade com a Campanha da Fraternidade de 2020. “Ano passado, nós fomos convidados a encontrar caminhos para superar a indiferença e construir relações baseadas no cuidado. E essa construção se dá exatamente por meio do diálogo, da busca em comum, envolvendo partilha de ideias, escuta e discernimento”.
“Por isso, irmãs e irmãos, celebremos mais uma Campanha da Fraternidade, neste ano, uma Campanha da Fraternidade Ecumênica, com o coração aberto, afastando o que divide e buscando sempre a unidade. Onde a dificuldade se fizer presente, façamos do diálogo nosso caminho de solução. Diante da pandemia do coronavírus, o mundo busca vacinas. Diante dos impasses da vida, onde as radicalizações e polarizações se manifestam, vacinemo-nos com o diálogo. Esse o Bom Deus não deixa faltar não”.
Após a exibição do vídeo, jornalistas credenciados puderam participar de uma entrevista coletiva com representantes das igrejas por meio da plataforma Zoom.
A CFE
Neste ano, o tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica é “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”, extraído da carta de São Paulo aos Efésios, capítulo 2, versículo 14.
Realizada pela CNBB todos os anos no tempo da Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, a Campanha da Fraternidade de 2021 é promovida de forma ecumênica, ou seja, em parceria entre várias Igrejas Cristãs. A CFE 2021 quer convidar os cristãos e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual. Tudo isso através do diálogo amoroso e do testemunho da unidade na diversidade, inspirados e inspiradas no amor de Cristo.
Gesto concreto
A Campanha da Fraternidade tem como gesto concreto a Coleta Nacional da Solidariedade, realizada no Domingo de Ramos nas comunidades de todo o Brasil. Os recursos são destinados aos Fundos Diocesanos e Nacional da Solidariedade, os quais apoiam projetos sociais relacionados à temática da campanha. Em 2019, o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) distribuiu a quantia de R$3.814.139,81, atendendo a mais de 230 projetos. Em 2020, por causa da pandemia, não ocorreu arrecadação. Conheça alguns projetos apoiados pelo FNS.
Histórico
A Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) tem sido realizada, em média, a cada cinco anos. A iniciativa congrega diversas denominações cristãs, sempre de forma ecumênica, valorizando as riquezas em comum entre as igrejas. Desde 2000, abordou os seguintes temas:
- 2000 – Tema “Dignidade humana e paz” e lema “Novo milênio sem exclusões”;
- 2005 – Tema “Solidariedade e paz” e lema “Felizes os que promovem a paz”;
- 2010 – Tema “Economia e Vida” e lema “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”;
- 2016 – Tema “Casa Comum, nossa responsabilidade” (tratou do meio ambiente e saneamento básico) e lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”.
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Fonte: cnbb.org.br